Durante as férias, é comum que a alimentação das crianças seja mais flexível — com direito a sorvete no meio do dia. Já o retorno à escola, porém, exige disciplina (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Com o fim das férias escolares, pais e responsáveis enfrentam um dos maiores desafios do segundo semestre: reorganizar a rotina das crianças.
Mais do que ajustar os horários de dormir e acordar, esse retorno exige uma adaptação emocional e alimentar cuidadosa. Especialistas alertam que esse processo precisa ser gradual, cheio de diálogo, acolhimento e, claro, planejamento.
Segundo Cynthia Howlett, nutricionista especializada em nutrição esportiva e psiconutrição, o primeiro passo é ajudar a criança a compreender que o tempo livre chegou ao fim e que há novos compromissos a serem retomados.
“É fundamental que os pais ajudem os filhos a entenderem que as férias acabaram. Isso envolve acordar mais cedo, retomar horários fixos para refeições e também regular o sono”, afirma.
Essa mudança, no entanto, vai além do relógio. Um estudo da Universidade de Aston, na Inglaterra, mostra que o comportamento alimentar das crianças é profundamente influenciado pelo exemplo dos adultos — inclusive em situações emocionais.
“É muito importante que os pais estejam presentes e deem o exemplo, especialmente na alimentação. Sentar à mesa com as crianças, jantar junto, mostrar na prática o valor de uma refeição equilibrada”, explica Cynthia.
Adeus aos lanches improvisados
Durante as férias, é comum que a alimentação das crianças seja mais flexível, com direito a sorvete no meio do dia, hambúrguer com os amigos e refeições feitas fora de hora. O retorno à escola, porém, exige disciplina.
“Agora é hora de organizar os lanches, preparar as frutas, verduras, legumes e deixar opções equilibradas prontas para colocar na lancheira”, orienta a nutricionista.
Segundo ela, não se trata apenas de restringir, mas de equilibrar e envolver.
“Voltar com os combinados pode ser uma boa ideia. Por exemplo: quantas cores tem no prato hoje? Qual fruta vamos levar amanhã? Deixar que eles ajudem a montar o lanche pode tornar o processo mais divertido e participativo.”
Participação ativa e afeto na lancheira

Crianças, de uma escola pública no Espírito Santo, participam de dinâmica sobre a importância da alimentação saudável. Foto: Prefeitura de Nova Venécia/Arquivo
Cynthia reforça que a transição para a rotina escolar não precisa ser rígida ou impositiva. Pelo contrário: quanto mais lúdica e afetiva, melhor.
“Um bilhetinho carinhoso na lancheira, uma brincadeira com os alimentos, como montar um sanduíche divertido, pode ajudar muito nessa readaptação”, sugere.
A nutricionista também destaca que pequenas atitudes fazem diferença, como priorizar os picolés de fruta no lugar de sobremesas açucaradas ou incentivar uma refeição completa no almoço, com direito a “combinado das cores” no prato. Uma estratégia simples e visual para garantir variedade nutricional.
Mudanças no dia a dia: o que muda das férias para a rotina escolar
Durante as férias, é comum:
- Dormir e acordar mais tarde.
- Tomar café da manhã sem pressa.
- Almoçar mais tarde, fora de casa, ou levar lanches em passeios.
- Comer alimentos menos nutritivos, como pizza, hambúrguer e biscoitos.
- Tomar sorvetes e sobremesas com frequência.
- Passar mais tempo ao ar livre.
- Flexibilizar os horários das refeições e do sono.
Na volta às aulas, é importante:
- Dormir mais cedo e acordar com tempo para se arrumar.
- Retomar horários fixos para café da manhã, almoço, lanche e jantar.
- Organizar lanches escolares com frutas, sanduíches naturais e sucos.
- Fazer refeições equilibradas e coloridas.
- Evitar doces e sobremesas em excesso.
- Preferir picolés de fruta quando houver vontade de um doce.
- Manter ou retomar a prática de atividades físicas.
LEIA TAMBÉM:
Saiba quais são os superalimentos escondidos nas receitas de festas de São João
Boa alimentação e sono reparador também nas férias escolares
Alimentos que não podem faltar no prato das crianças
Adaptação com empatia
A palavra-chave para a retomada da rotina escolar é empatia. A mudança de ritmo pode ser difícil para as crianças — e também para os adultos. Por isso, especialistas como Cynthia Howlett reforçam a importância de um ambiente acolhedor, previsível e afetuoso. “
Quando os pais participam, dão exemplo e organizam a rotina com calma, a transição acontece de forma mais leve e saudável”, conclui.