Nutricionista orienta sobre planejamento, reaproveitamento e armazenamento correto
O desperdício de alimentos é um tema que vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões sobre sustentabilidade e hábitos de consumo.
Segundo estudo recente conduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em parceria com a WRAP, no Brasil, apenas no consumo doméstico, cada pessoa desperdiça, em média, 94 quilos de alimentos por ano.
Esse dado preocupante reforça a necessidade de repensar hábitos na cozinha, já que as perdas impactam, além do orçamento familiar, também o meio ambiente.
Para evitar e conter o desperdício de alimentos no dia a dia, a nutricionista Claudia Mulero, elencou seis dicas com hábitos que começam com pequenas atitudes e podem representar grande diferença.

Antes de ir ao mercado ou à feira é importante calcular a quantidade de alimentos necessária para cada refeição Foto USP/Divulgação
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1 – Planejamento é fundamental
A especialista destaca que o planejamento é um dos passos mais importantes para quem deseja reduzir o desperdício.
Em sua avaliação, elaborar um cardápio semanal antes de ir ao mercado ou à feira permite calcular com precisão a quantidade de alimentos necessária para cada refeição, evitando compras por impulso ou em excesso que muitas vezes acabam esquecidas na geladeira. “Além disso, o hábito de planejar ajuda a variar o cardápio, aproveitando os mesmos ingredientes em diferentes preparações e garantindo uma alimentação mais equilibrada”, ressalta.
Outro benefício, de acordo com a especialista, é a economia, já que ao fazer uma lista de compras baseada em um plano prévio, fica mais fácil resistir às tentações das prateleiras e priorizar aquilo que realmente será consumido. “Essa prática também contribui para otimizar o tempo na cozinha, já que as refeições podem ser organizadas de acordo com a rotina da família, incluindo marmitas e congelados preparados com antecedência”, sublinha.

O armazenamento correto prolonga a vida útil dos alimentos Foto Divulgação
2 – Armazenamento correto
Claudia orienta que conhecer as formas ideais de conservação prolonga a vida útil dos alimentos. Ela completa que, para manter a ordem e reduzir riscos de contaminação, cada categoria de produto deve ocupar um espaço específico.
“Hortaliças, por exemplo, podem ser higienizadas, secas e armazenadas em potes fechados para durarem mais. Já grãos devem ser guardados em recipientes herméticos para evitar umidade. Laticínios e comidas preparadas devem ficar nas prateleiras superiores, onde a temperatura é mais estável. Carnes cruas precisam ser armazenadas na parte inferior, sempre bem embaladas, enquanto frutas, verduras e legumes ocupam as gavetas. A porta deve ser reservada a bebidas e condimentos, já que sofre maior variação de temperatura. No freezer, os congelados devem permanecer a –18 °C ou menos, devidamente embalados e identificados. A principal regra é simples: alimentos prontos em cima e crus embaixo”, ensina a especialista.
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Muitas partes que costumam ser descartadas, como cascas, talos e sementes, podem ser transformadas em preparações saborosas e nutritivas Foto Divulgação
3 – Aproveitamento integral dos alimentos
O aproveitamento integral dos alimentos é uma prática simples, mas que gera grandes benefícios econômicos e ambientais, de acordo com avaliação de Claudia.
Ela destaca que muitas partes que costumam ser descartadas, como cascas, talos e sementes, podem ser transformadas em preparações saborosas e nutritivas. “Talos de couve, brócolis e cenoura podem ser refogados ou incorporados em sopas e caldos, agregando fibras e vitaminas. Cascas de batata, mandioca ou abóbora, quando bem higienizadas, ficam crocantes e saborosas ao serem assadas ou fritas, funcionando como petiscos ou acompanhamentos”, indica a profissional.
Já as sementes, como as de abóbora ou girassol, podem ser tostadas e consumidas como snacks ricos em minerais e proteínas, orienta a nutricionista.
“Até cascas de frutas, como laranja e limão, podem ser transformadas em raspas para temperos, geleias ou chás, adicionando sabor às receitas e evitando o desperdício”, reforça.
Na opinião da especialista, ao adotar essa abordagem, é possível reduzir significativamente a quantidade de alimentos jogados fora, aproveitando melhor cada ingrediente e explorando a criatividade na cozinha.
- Reaproveitar pequenas sobras, incorporando-as em receitas do dia seguinte, como suflês, saladas, omeletes ou sopas, garante que nada seja desperdiçado Foto Pinterest/Divulgação
4 – Reaproveitamento criativo
Claudia salienta também que o reaproveitamento de alimentos é ótimo para se evitar desperdiço, exemplificando que “sobras de arroz podem virar bolinhos, purês podem ser base para tortas salgadas e carnes desfiadas servem como recheio de panquecas ou sanduíches”.
Ela enfatiza que reaproveitar pequenas sobras, incorporando-as em receitas do dia seguinte, como suflês, saladas, omeletes ou sopas, garante que nada seja desperdiçado. “Com esse cuidado, é possível unir economia, sustentabilidade e hábitos alimentares mais saudáveis no dia a dia. Ou seja, o que iria para o lixo pode ganhar uma nova versão no prato”, reforça a nutricionista.
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Outra dica importante para minimizar o desperdício é dividir alimentos em porções menores e congelar Foto Pinterest/Divulgação
5 – Controle das porções
Claudia ainda orienta que o controle das porções é uma estratégia essencial para reduzir o desperdício e manter uma alimentação equilibrada. “Preparar a quantidade adequada de cada refeição, considerando o número de pessoas que irão consumi-la, evita sobras desnecessárias e ajuda a planejar melhor o uso dos ingredientes”, afirma.
Além disso, ela acentua que controlar as porções contribui para a saúde, já que permite equilibrar a ingestão de proteínas, carboidratos, fibras e gorduras, evitando excessos que podem comprometer a dieta.
E aconselha que, para facilitar o trabalho, é possível usar utensílios como balanças, colheres medidoras ou até mesmo servir porções individuais em pratos menores.
6 – Congelamento inteligente
Outro ponto importante para minimizar o desperdício, de acordo como orientação da especialista, é dividir alimentos em porções menores e congelar. “Essa é uma maneira eficaz de preservar nutrientes e reduzir perdas”, informa.
A nutricionista ressalta que o congelamento garante segurança por tempo indeterminado, mas a qualidade dos alimentos se perde com os meses.
“Carnes grandes, como bovinas e frangos inteiros, podem durar até um ano, enquanto cortes menores e carnes moídas devem ser consumidos em até quatro meses. Peixes magros resistem por até oito meses, já os mais gordurosos, como salmão, precisam ser consumidos em até três”, ensina a profissional.
Já frutas, legumes e vegetais duram cerca de um ano, mas pratos prontos, pães e bolos não devem ultrapassar três meses. “Em geral, quanto mais processado o alimento, menor o tempo ideal de congelamento”, revela a nutricionista.
Aproveitamento integral dos alimentos
Segundo Marcia, além de diminuir o descarte, as práticas de aproveitamento integral dos alimentos ampliam a ingestão de fibras, vitaminas e minerais presentes em partes dos ingredientes que, muitas vezes, são pouco valorizadas.
“Quando aproveitamos integralmente os alimentos, aumentamos o valor nutricional das refeições, economizamos recursos e ainda desenvolvemos a criatividade culinária. Ao adotarmos hábitos mais conscientes, contribuímos para a construção de uma cadeia alimentar mais sustentável, beneficiando o meio ambiente, fortalecendo a economia doméstica e promovendo um olhar mais responsável sobre a forma como nos relacionamos com os alimentos”, conclui a nutricionista.