Com promessa de menor impacto ambiental, nova tecnologia é parte dos esforços da indústria têxtil em reduzir pegada de carbono; setor ainda é um dos mais poluentes do mundo (Foto: Divulgação)
No momento em que a indústria da moda enfrenta crescentes pressões para reduzir seu impacto ambiental, uma nova matéria-prima chama atenção por sua origem incomum: o milho.
A Speedo Multisport, conhecida por sua atuação no segmento esportivo, acaba de lançar uma linha de roupas feitas com um tecido batizado de bioamida — uma biomassa desenvolvida a partir do vegetal geneticamente modificado, que promete reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa em comparação às poliamidas tradicionais.
O lançamento ocorre em meio ao crescimento constante do mercado de moda esportiva no Brasil.
Em 2023, o país produziu 638,5 milhões de peças do setor, com faturamento de R$ 23,2 bilhões, uma alta de 3,4%. A tendência se repete no ambiente digital: só no último ano, o segmento esportivo movimentou R$ 16,3 bilhões no e-commerce nacional, sendo quase metade desse montante gerado por peças de vestuário.
A produção têxtil responde por cerca de 20% da poluição de água potável no mundo, segundo estimativas do setor.
LEIA TAMBÉM:
Sobras de cupuaçu e cacau podem virar tecido orgânico
Você sabe o que são plantas tintoriais?
Pele de pirarucu ganha espaço na moda e gera renda para comunidades ribeirinhas
Mais sustentabilidade
É nesse contexto que materiais como a bioamida ganham relevância. Produzido com um tipo de milho não destinado à alimentação, o tecido tem propriedades que otimizam processos industriais: exige menos tempo e calor no tingimento, absorve melhor os corantes e permite maior reaproveitamento da água nas fábricas.
Para Roberto Jalonetsky, CEO da Speedo Multisport, trata-se de um passo necessário diante da crise climática.
“A criação de roupas sustentáveis deixou de ser uma tendência e se tornou uma responsabilidade. Precisamos olhar para o futuro e adotar práticas que não apenas atendam às necessidades dos consumidores, mas também respeitem o meio ambiente”, afirma.
“Usar materiais ecológicos, como tecidos orgânicos, é um passo fundamental para reduzir o impacto ambiental da nossa produção.”
As peças feitas com a bioamida têm toque macio, alta respirabilidade e baixa retenção de suor — qualidades valorizadas por quem pratica exercícios físicos. A estratégia mira um público ainda pouco ativo: cerca de 50% das mulheres e 44% dos homens no Brasil não praticam atividade física regularmente, segundo a empresa.