A pecuária responde por metade do PIB agropecuário das Américas e garante a subsistência de 38 milhões de agricultores (Foto: FAO)
A produção pecuária do continente americano é estratégica para a segurança alimentar mundial e para o desenvolvimento econômico das nações da região.
Essa foi a mensagem central da 45ª Reunião Ordinária do Comitê Executivo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que começou nesta terça-feira em Lima, no Peru, reunindo ministros da Agricultura, autoridades governamentais, representantes do setor privado e especialistas internacionais.
O encontro destacou que alimentos de origem animal – como carne, leite e ovos – cumprem papel vital nos sistemas alimentares, fornecendo nutrientes essenciais à saúde humana e sustentando a economia rural.
Segundo o diretor-geral do IICA, Manuel Otero, a pecuária responde por metade do PIB agropecuário das Américas e garante a subsistência de 38 milhões de agricultores.
“A pecuária é uma das colunas vertebrais das nossas economias. Existem sinais claros de que haverá um aumento contínuo no mundo da demanda de alimentos de origem animal até 2050. Ninguém pode desaproveitar essa oportunidade”, afirmou Otero, que defendeu a adoção de ciência e inovação como caminho para o fortalecimento do setor.
O ministro peruano de Desenvolvimento Agrário e Irrigação, Ángel Manero Campos, anfitrião da reunião, ressaltou a tradição agropecuária de seu país e a importância de valorizar os pequenos produtores. Ele também destacou o papel histórico do IICA, que há mais de 80 anos atua na integração agrícola do continente.
Segundo a FAO, a América Latina e o Caribe contribuem com 28% do rebanho bovino mundial, produção de carne e leite. Além disso, a região representa 44% das exportações globais de carne bovina e 42% da produção de frango, desempenhando um papel fundamental na segurança alimentar e nutricional global.
A maioria dos produtores agrícolas na região são agricultores de pequena escala e famílias que produzem um excedente mínimo para comercialização, muitas vezes essa é sua principal fonte de renda.
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União regional em torno da produção sustentável
Durante o primeiro dia do encontro, ministros e técnicos de diferentes países compartilharam experiências sobre sistemas pecuários bem gerenciados, que além de garantir produtividade e resiliência, também oferecem benefícios ambientais e serviços ecossistêmicos.
A mensagem conjunta elaborada no evento reforça o compromisso dos países das Américas em aumentar a oferta de alimentos de origem animal seguros, nutritivos e rastreáveis, ao mesmo tempo em que protege os recursos naturais.
A inovação em genética, nutrição animal, saúde veterinária e ferramentas digitais foi apontada como central para responder à crescente demanda global.
“No nosso agro temos que tornar realidade as mudanças que nós decidimos, com ciência e inovação, e não as que pretendem nos impor de fora”, disse Otero, celebrando o consenso regional alcançado no encontro.
Saúde animal e comércio como prioridades
Além da sustentabilidade, os debates também ressaltaram a importância do comércio internacional e da saúde animal como elementos estratégicos para reduzir a pobreza, proteger a saúde pública e preservar os meios de vida das comunidades rurais.
O Comitê Executivo, formado por 12 Estados membros e renovado parcialmente a cada dois anos, define os rumos da cooperação técnica do IICA. Além dos países integrantes, a reunião contou com delegações de Brasil, Canadá, El Salvador, Guiana, República Dominicana e Granada, além de ministros que participaram de forma virtual.