Reconhecimento coroa a longa trajetória de esforços coordenados entre o setor público e a iniciativa privada no país (Foto: Gabriel Nogueira/Embrapa)
A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu nesta quinta-feira (29/5) o Brasil como livre de febre aftosa sem vacinação, concedendo ao país um dos mais altos status sanitários internacionais para a pecuária. O anúncio foi feito durante a 92ª Sessão Geral da Assembleia Mundial de Delegados da OMSA, realizada em Paris.
O reconhecimento internacional coroa uma longa trajetória de esforços coordenados entre o setor público e a iniciativa privada. Em maio do ano passado, o governo federal já havia conferido esse mesmo status ao país em âmbito nacional.
A sessão que oficializou a conquista contou com a presença de representantes importantes do setor agropecuário brasileiro, como o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins; a vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), senadora Tereza Cristina; e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Marcelo Bertoni.
Em nota, a CNA destacou que o reconhecimento internacional “reforça o compromisso do setor agropecuário e dos produtores rurais com a sanidade de seus rebanhos e com a qualidade dos produtos ofertados aos mercados compradores”.
A confederação atribuiu a conquista ao “esforço conjunto de anos entre o Estado e o setor privado” e à execução do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA), iniciado em 2017. A retirada gradual da vacinação foi feita com base na evolução dos estados em relação ao cumprimento de critérios técnicos, sustentada por estudos soroepidemiológicos que confirmaram a ausência do vírus no país.
“Apesar de retirar a vacina, o Brasil continuará com as ações de vigilância e controle sanitário do rebanho. Para a CNA, é fundamental o papel dos pecuaristas e seus colaboradores, que estão na linha de frente e têm a responsabilidade de notificar o Serviço Veterinário Oficial (SVO)”.
A Famasul também comemorou o reconhecimento como “um marco para a pecuária de Mato Grosso do Sul e do Brasil”, destacando a união de federações, produtores e governos na conquista. Segundo a entidade, a chancela internacional coloca o Brasil em pé de igualdade com grandes players globais como Estados Unidos, Austrália e União Europeia, “com sanidade, rastreabilidade e sustentabilidade na produção”.
Conquista é fruto de esforços desde 1950
A febre aftosa é considerada uma das doenças animais mais temidas no mundo por sua rápida disseminação e pelos prejuízos econômicos que provoca. No Brasil, o combate à enfermidade começou oficialmente em 1950 e passou por várias etapas até a criação do PNEFA, com a meta de erradicação total até 2026.
Para o delegado da OMSA e diretor do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, Marcelo de Andrade Mota, o status de livre de febre aftosa sem vacinação “é extremamente significativo para o Brasil porque representa a culminação de esforços pelos quais temos trabalhado há décadas”.
Segundo ele, o processo foi longo e desafiador, dadas as dimensões do país e o enorme número de animais – mais de 234 milhões de cabeças de gado.
O país, dividido em 27 estados, mobilizou os sistemas veterinários nas esferas nacional, estadual e municipal para garantir a presença de profissionais em mais de 85% dos municípios, inclusive nas áreas mais remotas.
“Esse status é um marco enorme para o Brasil. A pecuária na América do Sul é uma parte crítica da economia, e não é importante apenas para a região, mas também para a segurança alimentar global. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina, e esse reconhecimento garante que continuemos contribuindo para alimentar pessoas no mundo todo”, afirmou Mota.
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