Os fenômenos climáticos El Niño e La Niña têm uma influência profunda e complexa sobre a agropecuária no Brasil. Na foto, os efeitos sobtre plantações de de milho no Rio Grande do Sul, em 2022 (Foto: Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Reprodução)
El Niño e La Niña são caracterizados por variações na temperatura das águas do Pacífico, alteram significativamente os padrões de precipitação e temperatura, trazendo desafios e oportunidades para o setor.
O El Niño é marcado pelo aumento da temperatura das águas na região equatorial do Pacífico, enquanto a La Niña causa a diminuição dessa temperatura.
No Brasil, esses fenômenos têm efeitos opostos: o El Niño provoca secas nas regiões Norte e Nordeste e aumento de chuvas no Sul; já a La Niña traz mais chuvas para o Norte e Nordeste e seca para o Sul.
Neste ano, a ocorrência do El Niño, exacerbada pelas mudanças climáticas, resultou em um volume de chuvas anormalmente alto no Sul do Brasil.
As fortes inundações causaram danos severos às lavouras e geraram grandes incertezas para a agropecuária no Rio Grande do Sul. Felipe Jordy, líder de inteligência e assessoria comercial da Biond Agro, comentou sobre esses desafios.
“Esses efeitos climáticos extraordinários estão mudando as diretrizes de controle do agro; uma coisa que no passado era esperada ou previsível, hoje, já não pode ser mais prevista ou entendida”.
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Chegada da La Niña no Brasil
Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA), a La Niña tem uma chance crescente de se desenvolver nos próximos meses, com probabilidades de 49% entre junho-agosto, 69% entre julho-setembro, e mais de 80% entre setembro e outubro, coincidindo com o início do plantio da safra de verão. A intensidade esperada do fenômeno varia de fraca a moderada.
Desde a safra de 1976/77 até a atual (2023/24), os padrões de El Niño e La Niña têm impactado diretamente a produtividade da soja no Brasil.
Em anos de La Niña, mesmo com penalidades ao Sul, o país geralmente vê uma vantagem produtiva, especialmente no Centro-Oeste.
“Dada a presença da La Niña, entidades e fontes do mercado já esperam uma melhor produtividade no Brasil, especialmente no Centro-Oeste, onde na safra 23/24 houve uma quebra superior a 16%,” explicou Jordy.