Startup desenvolve solução que aumenta a produtividade e a qualidade das lavouras com a ajuda das abelhas (Foto: Divulgação)
Promover a integração no campo entre produtores rurais e criadores de abelhas, criando uma relação de ganhos mútuos, de promoção de uma agricultura sustentável e de preservação do meio ambiente. Esta é a proposta da Agrobee, empresa especializada em polinização assistida através dos serviços ecossistêmicos das abelhas
“Mais de 70% dos cultivos agrícolas dependem em algum nível do processo de polinização realizado pelas abelhas, principais agentes polinizadores da natureza. A AgroBee traz tecnologia e inovação para introduzir um novo manejo eficiente no campo, com técnica e segurança”, informa o cofundador e atual CEO da Agrobee, Guilherme Jorge Gomes de Sousa.

Os sócios da Agrobee. (Da esquerda para a direita, o cônsul honorário da Alemanha no interior de São Paulo, Daniel Malusá Gonçalves, a pesquisadora de produtos das abelhas, Andresa Berretta, e o atual CEO da empresa, Guilherme Jorge Gomes de Sousa). Foto: Divulgação
Segundo ele, a iniciativa da AgroBee, startup paulista que integra o SNASH, hub de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) é um excelente exemplo de como a sustentabilidade e a polinização podem se tornar um diferencial de mercado importante para os produtores de café, soja e laranja, grandes commodities do agro nacional, além de outra culturas, como abacate, maçã e melão, por exemplo.
História
Ele conta que em 2015, juntamente com a sócia da empresa e pesquisadora de produtos das abelhas, Andresa Berretta, em um treinamento de empreendedorismo no Reino Unido, a ideia de criar a Agrobee já começou a ser desenvolvida, mas foi em 2018, ao surgir um edital da Finep/Fapesp voltado para tecnologias para o agronegócio, que ela, doutora em Farmácia e com experiência consolidada em pesquisas na área de produtos apícolas, enxergou essa oportunidade sobre polinização, principalmente voltada para essas grandes culturas autógamas.
“Começamos a observar que para a produção de frutas que necessitam de polinização, já existe um mercado consolidado, entretanto, no caso das grandes culturas de commodities agrícolas, não se tem nada, justamente pelo fato dessas culturas serem autôgamas, ou seja, elas podem se autopolinizar”, cita o CEO.
De acordo com Sousa, o papel dos polinizadores, nessa questão, sempre foi muito negligenciado dentro dessas culturas, porém, a academia e alguns estudos já mostravam que uma inserção adequada de polinizadores nessas culturas poderia mostrar grande produtividade e qualidade da produção.

Mais de 70% dos cultivos agrícolas dependem em algum nível do processo de polinização realizado pelas abelhas, principais agentes polinizadores da natureza. Foto: Divulgação
“E foi isso que a gente começou a estudar. Como pegar o que tem sido produzido pela literatura científica e transformar isso num serviço escalável que possa ser adequado ao manejo produtivo no dia a dia das atividades do campo e como adaptar esses protocolos, esse manejo, além de conseguir esse estoque de polinizadores para atender essas áreas”, comenta.
Foi então que surgiu a Agrobee, com conceitos de economia compartilhada, criando uma rede de apicultores espalhados pelo Brasil inteiro, através de um aplicativo desenvolvido com a finalidade de conectar criadores de abelhas com produtores através da tecnologia 4.0 com inteligência artificial de maneira prática e segura.
Impactos das ações da empresa
Segundo o CEO, o que tem sido feito mostra que é possível usar polinização nessas grandes culturas com resultados muito satisfatórios, com ganhos de produtividade de cerca de 13%, no caso da soja e de 16,5%, no café. Inclusive, ele conta que, no final de 2024, a empresa lançou um estudo, feito em parceria com a Embrapa, durante 3 anos, mostrando o ganho de produtividade em diversas lavouras de café. A pesquisa revelou que, se a polinização fosse adotada amplamente dentro da cultura do café, por exemplo, esse impacto poderia ultrapassar R$ 22 bilhões.

A polinização é o maior potencial produtivo sustentável do agronegócio brasileiro. Foto: Divulgação
“A gente ainda enfrenta alguns desafios em relação a convencer os produtores da importância desses polinizadores dentro das lavouras, uma vez que eles ainda têm medo de colocar as abelhas em suas propriedades e como isso impactaria no manejo da propriedade”, relata Sousa.
Entretanto, o CEO da Agrobee entende que a polinização é o maior potencial produtivo sustentável do agronegócio brasileiro e, diante desse cenário, ele vislumbra um enorme caminho de crescimento, considerado como uma força estruturante para a cadeia apícola.
“O nosso atual cenário passa ainda por algumas etapas de validação, mas o foco atual é crescimento de área, mostrar isso para o mercado, criar diferenciações dentro de algumas coisas, como no café, por exemplo, onde a gente já criou um selo de café brasileiro polinizado pelas abelhas. Inclusive, temos produtores que já utilizam esse selo, e nossa perspectiva futura é avançar e que a abelha e a polinização sejam considerados um bioinsumo essencial nessas grandes culturas agrícolas brasileiras”, ressalta.
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Lançamento
A AgroBee foi uma das startups escolhidas para compor a delegação brasileira para participar da FAPESP Week Germany, evento promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Deutsche Forschungsgemeinschaft (DFG – German Research Foundation).
Realizado entre os dias 25 e 27 de março de 2025, o encontro reuniu cientistas e empresas inovadoras do Brasil e da Alemanha para impulsionar parcerias estratégicas e abrir novas frentes de negócios. Apenas seis startups foram selecionadas.

Os sócios Daniel Malusá Gonçalves e Andresa Berretta durante evento na Alemanha. Foto: Divulgação
Durante o evento, a AgroBee, representada pelos sócios Daniel Malusá Gonçalves, que também é cônsul honorário da Alemanha no interior de São Paulo, e Andresa Berretta, apresentou os benefícios da polinização assistida na cafeicultura, com foco no Café Polinizado AgroBee e no Selo AgroBee, que certificam a excelência desse serviço inovador. A tecnologia da empresa eleva a produtividade das lavouras em até 18%, melhora a uniformidade e a qualidade dos grãos e aumenta a pontuação da bebida, agregando valor significativo ao café no mercado.
Além de demonstrar os ganhos econômicos e o impacto ambiental e social positivo, a participação na FAPESP Week Germany foi uma oportunidade para a AgroBee consolidar parcerias acadêmicas e comerciais com instituições e empresas globais focadas em inovação e sustentabilidade.
Na ocasião, a AgroBee lançou, oficialmente, o AgroBeeCoin, primeiro token do mundo rastreável via blockchain dedicado à polinização de café. Versátil e seguro, o AgroBeeCoin pode ser usado diretamente para contratar serviços de polinização ou distribuído na cadeia de suprimentos, conectando produtores, exportadores e importadores em um ecossistema transparente.
“Essa inovação moderniza as transações no setor agropecuário, oferecendo rastreabilidade total e confiança para o comércio de serviços de polinização e créditos ambientais”, conclui a pesquisadora e sócia da empresa, Andresa Berretta.