Do chocolate aos cosméticos: alimentos, plantas e produtos utilizados no dia a dia podem ser tóxicos para os animais (Foto: Adobestock)
A comemoração da Páscoa também é um momento de atenção sobre os riscos da ingestão de chocolate por cães e gatos. Porém, esse alerta deve ser ampliado também para outros alimentos e temperos típicos das refeições da celebração, alguns, inclusive, tão perigosos quanto o chocolate.
Por exemplo, o cacau, presente no chocolate, contém teobromina, substância não metabolizada por cães e gatos, que pode desencadear uma série de problemas de saúde, que vão desde sintomas leves até complicações graves e potencialmente fatais.
“Dentre os sinais clínicos, podemos destacar vômito, diarreia, distensão abdominal, aumento da frequência cardíaca, respiração acelerada, tremores e ataque cardíaco, podendo levar o animal à óbito”, alerta a médica-veterinária e consultora da rede de farmácias de manipulação veterinária DrogaVET, Farah de Andrade.
De acordo com a especialista, os chocolates mais escuros e aqueles utilizados para fazer bolos e ovos de Páscoa caseiros são o que possuem maior quantidade de teobromina e, por isso, são os mais prejudiciais, porém, até mesmo o chocolate branco, que contém pouco cacau, mas é rico em açúcar e gordura, deve ser evitado.
O porte e a idade do animal também influenciam no grau de risco da intoxicação pelo alimento. “Filhotes, cães idosos ou de pequeno porte, diabéticos ou com doenças gastrointestinais crônicas são, no geral, mais sensíveis”, destaca a especialista.
O que mais não se deve dar aos pets?
Assim como o chocolate, os outros alimentos das refeições de Páscoa também não devem ser compartilhados com os pets. Cebolas e alho contêm dissulfetos e tiossulfatos, que podem causar danos aos glóbulos vermelhos dos animais, levando à anemia hemolítica. Uva e uvas-passas estão associadas a casos de insuficiência renal aguda em cães.
O abacate contém persina, que pode ser tóxica para cães e gatos se ingerido em grandes quantidades. Além disso, o caroço do abacate pode representar um risco de obstrução intestinal, assim como espinhas de peixes, outro alimento bastante comum nas comemorações.
A dica, segundo ela, é consultar o médico-veterinário. Caso o pet já faça uso de alimentação natural, o tutor já sabe como preparar as refeições e pode variar os ingredientes conforme as orientações do veterinário.
“Se o pet se alimenta de ração, é preciso verificar como fazer o míx feeding (combinação de alimentos secos com úmidos) sem afetar a quantidade de calorias a ser ingerida, sempre considerando as demais condições de saúde do animal, tais como, se não possui alergias, gastrite, diabetes ou outras doenças que requerem ainda maior cuidado”, alerta Farah.
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Outros perigos
Não são só os alimentos que oferecem perigo aos animais de estimação. Produtos de limpeza, por exemplo, contêm substâncias químicas tóxicas que podem ser prejudiciais se ingeridos ou inalados pelos animais de estimação. Mesmo a exposição cutânea a esses produtos pode causar irritação ou queimaduras na pele.
Algumas plantas domésticas são tóxicas para cães e gatos, como lírios, azaleias, filodendros, espada-de-são-jorge, comigo-ninguém-pode, mamonas, sagu-de-jardim, hera inglesa e ciclames. Além disso, fertilizantes, pesticidas e outros produtos de jardinagem podem oferecer riscos. É importante mantê-los armazenados e evitar que os pets ingiram qualquer tipo de planta.
Outro cuidado essencial é manter medicamentos fora do alcance dos pets, preferencialmente armazenados em armários de difícil acesso. “É comum deixarmos os remédios à vista, para lembrarmos de tomá-los, ou para uma emergência, mas os pets são curiosos e podem ingeri-los acidentalmente. Gatos, por exemplo, costumam pular em prateleiras, entrar em armários e abrir gavetas”, comenta a veterinária.
A aplicação de sprays, medicamentos e cosméticos de uso tópico também deve ser cuidadosa, pois os pets podem aspirar ou lamber medicamentos ou produtos de beleza que aplicamos em nossa pele ou cabelos, e determinadas substâncias podem ser extremamente tóxicas ou irritantes para eles, como repelentes, tinturas para cabelo, ácido para a pele, entre outros.
“É preciso lembrar que, ao aplicarmos esses produtos devemos manter os pets afastados até que a pele absorva tudo ou, até mesmo, evitar o contato direto com a região durante o período de tratamento”, orienta a veterinária.
O alerta vale ainda para o compartilhamento de produtos. “Os pets também devem fazer uso de repelente e protetor solar, porém, isso não significa que eles podem usar os mesmos itens que nós usamos”, avisa.
Cosméticos, como shampoos e lenços umedecidos, e produtos para prevenção, como repelentes e filtros, devem ser próprios para animais. “Na manipulação veterinária é possível escolher entre diversas opções de ativos específicos para pets e combiná-los em um mesmo produto conforme orientação do médico-veterinário”, finaliza.