Após a pandemia, tendência nutricional cresceu com aumento da população de animais de estimação por apoiar o bem-estar e reduzir a pegada de carbono
A pressão por sustentabilidade em pet food cresce com o boom da população dos animais de estimação. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil tem a terceira maior população pet do mundo, estimada entre 150 e 160 milhões de animais de estimação. Apenas cães e gatos somam 90 milhões.
De acordo com a entidade, a venda de alimentos industrializados para animais de estimação no país totalizou R$ 40,8 bilhões em 2024, alta de 6,9% ante 2023. Dados do Agri-Food Outlook 2025, revelam que o segmento pet teve o maior incremento na produção global de rações em 2024 (4,5%) e cresceu 3,5% no Brasil.
Conforme o levantamento, o aumento contínuo do número de cães e gatos nos lares após a pandemia, especialmente em famílias urbanas de classe média, está ampliando tanto o volume quanto o valor das compras de rações.
Além disso, a pesquisa indicou as tendências da premiumização (com muitos tutores de animais comprando apenas as opções da mais alta qualidade para seus companheiros animais, que consideram parte de sua família) e da nutrição funcional (os tutores estão migrando para dietas com maior teor de carne, ingredientes limitados, sem grãos e com fórmulas específicas para fases da vida ou condições — como articulações, pele e pelo, saúde intestinal).

Segundo a Abinpet, o Brasil tem a terceira maior população pet do mundo, estimada entre 150 e 160 milhões de animais de estimação. Foto: Shutterstock
Novas tendências
Neste mercado pet food em constante expansão, os consumidores exigem cada vez mais sustentabilidade, levando as indústrias e fornecedores a se adequarem às novas demandas. “Hoje, os tutores querem que seus animais comam praticamente os mesmos ingredientes e com a mesma qualidade de alimento que eles comem, sempre pensando na sustentabilidade”, afirma o médico veterinário Sérgio Alves.
Segundo ele, a preocupação com a sustentabilidade na indústria pet food vai além da reciclagem de embalagens, abrangendo a importância de cada ingrediente, não só a origem, mas todo o processo de produção.
Justamente pelo seu foco sustentável, o uso de minerais orgânicos nas rações para animais domésticos é uma tendência já consolidada. Segundo o especialista, os minerais orgânicos, como ferro, cobre, zinco e manganês, são essenciais para suprir as necessidades nutricionais dos animais.
Diferentemente dos inorgânicos, os minerais orgânicos ligados a pequenas cadeias de peptídeos tendam a ser mais disponíveis e absorvíveis pelo animal. Alves destaca ainda que essa maior biodisponibilidade dos minerais orgânicos traz diversos benefícios para a sustentabilidade, como a diminuição da excreção de minerais no meio ambiente e a redução da pegada de carbono da produção de ração.
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Respaldo científico

Rações com minerais orgânicos contribuem para redução do desperdício e favorecem a sustentabilidade. Foto: Divulgação Alltech
Estudo conduzido pela médica veterinária Flávia Borges, comparou o uso de minerais inorgânicos e orgânicos em dietas para gatos. “Os resultados demonstraram que foi possível alcançar índices equivalentes aos obtidos com minerais inorgânicos utilizando apenas 40% das dosagens”, ressalta Alves.
Ainda de acordo com o veterinário, essa eficiência significa que menos minerais precisam ser utilizados e, por serem melhor aproveitados, menos minerais são excretados, reduzindo o impacto ambiental da produção.
Outro estudo recente, conduzido pelo médico veterinário Ricardo Vasconcellos, demonstra que quanto mais minerais inorgânicos são colocados na dieta, maior é o nível de oxidação e, consequentemente, menor será o shelf life.
Ou seja, o nível de peróxidos, que é inversamente proporcional ao tempo de prateleira, reduz em quase 50% porque os minerais inorgânicos oxidam os ingredientes da dieta de forma muito mais rápida que numa dieta que utiliza apenas minerais orgânicos.
Por fim, de acordo com Alves, essa maior durabilidade da ração, proporcionada pelos minerais orgânicos, contribui significativamente para a redução do desperdício e, consequentemente, favorece a sustentabilidade.