Planejamento técnico-financeiro e manejo integrado são aliados do produtor diante da alta dos custos, da pressão climática e da volatilidade das commodities (Foto: Divulgação Ourofino)
Em um cenário de custos agrícolas elevados e margens cada vez mais pressionadas, o planejamento é considerado o primeiro insumo da lavoura. A falta de organização e de manejo estratégico pode custar caro ao produtor rural. Embora não haja um dado único que quantifique o impacto de forma geral, diversas pesquisas e análises setoriais mostram as consequências da falta de preparo, especialmente em culturas de alto investimento, como soja e milho.
Para o engenheiro agrônomo Paulo Moraes Gonçalves, o plantio começa muito antes da semeadura, pois a tomada de decisão consciente é o que define o sucesso da safra, etapa decisiva para assegurar o equilíbrio entre custo e produtividade: “O ponto de partida é o mapeamento do histórico da área: o que foi plantado, quais defensivos foram usados e quais problemas foram identificados nos últimos anos. Esse diagnóstico permite ajustar a escolha de produtos e estratégias para evitar resistência e sobreposição de princípios ativos. Além disso, conhecer o tipo de solo e suas características químicas e físicas permite uma adubação mais eficiente e um controle mais preciso de plantas daninhas e doenças”.

Falta de organização e de manejo estratégico pode custar caro ao produtor rural. Foto: Shutterstock
Outro tópico importantíssimo e que precisa ser levado em conta é o mapeamento de alvos pré-existentes. “É comum encontrar áreas com alta incidência de capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), vassourinha de botão (Spermacoce verticillata), buva (Conyza spp) ou outras espécies resistentes, que precisam de manejo antecipado. Nesses casos, o uso de herbicidas pré-plantio é uma ferramenta indispensável”, explica o especialista.
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O papel do manejo fungicida
O manejo de doenças é outro pilar crítico do planejamento. Com o avanço de doenças de final de ciclo (DFCs), como ferrugem-asiática e manchas, especialmente em regiões de clima quente e úmido, o uso preventivo de fungicidas se torna indispensável.
“A aplicação preventiva é sempre mais eficiente e econômica do que o controle curativo. Além de reduzir perdas, o manejo antecipado preserva o potencial produtivo e mantém a rentabilidade da lavoura”, complementa o engenheiro agrônomo, e acrescenta que, da dessecação ao controle de doenças, o planejamento de safra deve ser pensado como um processo contínuo e integrado.

Manejo antecipado preserva o potencial produtivo e mantém a rentabilidade da lavoura. Imagem: Ourofino
Planejar é investir
A alta volatilidade das commodities agrícolas e o aumento global dos custos de defensivos, que têm se intensificado por crises geopolíticas, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, reforçam a importância do planejamento técnico-financeiro. Em um cenário de margens mais apertadas, cada real investido em manejo precisa trazer retorno.
De acordo com estimativas do setor, os gastos com defensivos podem representar até 30% do custo total de produção em algumas culturas. “Sem planejamento, o produtor pode acabar aplicando produtos de forma inadequada, o que significa desperdício e menor eficiência. O manejo estratégico, por outro lado, garante o uso racional dos insumos e melhora o resultado econômico da fazenda”, reforça Gonçalves.








