Investimentos irão impulsionar 50 cooperativas extrativistas que atuam nas cadeias do babaçu, açaí, castanha e cupuaçu (Foto: Rafael Neddermeyer/COP30)
O Brasil deu um passo estratégico na valorização da bioeconomia amazônica com o lançamento do programa “Coopera+ Amazônia” na última segunda- feira (17/11). A iniciativa, anunciada durante a COP30, na Zona Verde, prevê o investimento de quase R$107 milhões para impulsionar 50 cooperativas extrativistas que atuam nas cadeias do babaçu, açaí, castanha e cupuaçu.
Os recursos serão destinados a cooperativas de cinco estados da Amazônia Legal — Pará, Rondônia, Maranhão, Amazonas e Acre — ao longo de 48 meses.
O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), destacou o impacto social e ambiental da ação.
“Esses recursos permitirão, nessa primeira etapa, agregar valor, aumentar a renda das famílias, fortalecer o cooperativismo na região e colaborar com o combate à mudança do clima. Aproximadamente 3.500 famílias serão beneficiadas”, disse durante a cerimônia.
Com aporte de R$103 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e operacionalizado pelo BNDES, mais R$3,7 milhões do Sebrae, a iniciativa representa um esforço conjunto de órgãos federais, incluindo MDIC, Embrapa e Sebrae, para aliar desenvolvimento regional e preservação ambiental.
Soluções climáticas e fortalecimento da bioeconomia
A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, afirmou que o programa articula inovação tecnológica e inclusão produtiva.
“Os investimentos ajudarão a melhorar a vida desses produtores para desenvolver máquinas, propor projetos, garantir mais produtividade, ter maior inserção no mercado e gerar emprego e renda. Isso é fundamental e vai ajudar a manter a floresta em pé”.
O presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima, ressaltou que o programa simboliza uma nova fase da bioeconomia brasileira.
“É uma bioeconomia única, fruto dessa floresta extraordinária, que garante sobrevivência, não derruba árvores nem polui os rios, é sustentável. Essa é a reflexão que precisamos fazer, principalmente, nesse modelo de cooperativas”.
Para a presidente da Embrapa, Silvia Musshurá, a iniciativa irá aproximar pesquisa científica e produção sustentável.
“Vamos capacitar para identificar lacunas e retroalimentar a pesquisa. Contamos com dados e indicadores para monitorar essas cadeias e apoiar produtores rurais e comunidades locais, oferecendo informações para melhorar os sistemas de produção. Podemos ser parte da solução para as mudanças climáticas”.
Ações e metas do programa
Desenvolvido pelo Sebrae em parceria com o MDIC, o “Coopera+ Amazônia” prevê consultorias, capacitações, assistência técnica e extensão rural. A aquisição de máquinas deve reduzir a penosidade do trabalho extrativista e agregar valor aos produtos.
A criação de um Escritório de Negócios Territorial vai apoiar as cooperativas na expansão comercial e no acesso a novos mercados, enquanto bolsistas do Sebrae — os Agentes Locais de Inovação para Cooperativas (ALICoop) — acompanharão as melhorias.
Entre os resultados esperados estão aumento da produtividade, elevação da renda, expansão do número de cooperados, redução e reaproveitamento de resíduos, além do crescimento do valor agregado dos produtos florestais.
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Fundo Amazônia: pilar da cooperação internacional
Criado em 2008, o Fundo Amazônia é o principal mecanismo de financiamento climático do país. Desde sua retomada em 2023, ampliou o número de doadores de três para nove, incluindo União Europeia, EUA e Reino Unido. Coordenado pelo MMA e operacionalizado pelo BNDES, já apoiou 144 projetos, alcançando 75% dos municípios da Amazônia Legal.
Com impacto direto sobre as metas climáticas do Acordo de Paris e do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), o fundo financia iniciativas em cadeias produtivas sustentáveis, proteção de comunidades tradicionais, monitoramento e inovação — pilares também refletidos no “Coopera+ Amazônia”, que reforça o papel da sociobiodiversidade no futuro da região.








