Com o avanço do Protocolo Verde, o estado se consolida como referência nacional em produção agrícola sustentável na Amazônia, mostrando que é possível aumentar a produtividade e preservar o meio ambiente (Foto: Governo do Pará/Divulgação)
A produção de soja no Pará avança em ritmo acelerado — e com cada vez mais compromisso com a sustentabilidade.
O Protocolo Verde dos Grãos do Pará ultrapassou a marca de 100 signatários, consolidando-se como um dos principais instrumentos para garantir que a expansão da sojicultura no estado ocorra sem desmatamento ilegal e em conformidade com rigorosos critérios socioambientais.
Criado em 2014 pelo Ministério Público Federal (MPF), o Protocolo estabelece diretrizes que conciliam produção agrícola, preservação da Amazônia e segurança jurídica para produtores e empresas.
A iniciativa reúne governo, setor produtivo e exportadores em torno de compromissos que vão desde a rastreabilidade dos grãos até o combate ao trabalho escravo e infantil.
De acordo com a mais recente auditoria independente, cerca de 3,2 milhões de toneladas de soja — 96% da produção estadual — já atendem aos padrões do Protocolo Verde.
O número reflete a crescente adesão de produtores e empresas às práticas exigidas, como regularização no Cadastro Ambiental Rural (CAR), ausência de embargos ambientais, respeito a terras indígenas e unidades de conservação, e a proibição de desmatamento após julho de 2008, conforme dados do Prodes/Inpe.
“Ultrapassar a marca dos 100 signatários é algo muito significativo. Mostra a força dessa iniciativa que une empresas e poder público para viabilizar uma expansão sustentável, garantir mercado e aportar segurança jurídica à cadeia produtiva dos grãos”, afirma Bernardo Pires, diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Além da Abiove, participam do Protocolo o Governo do Pará, a Procuradoria-Geral da República, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), sindicatos e cooperativas de produtores rurais, e a Unigrãos.
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A iniciativa tem como objetivos garantir o atendimento aos critérios de sustentabilidade dos mercados mais exigentes, fortalecer o CAR como ferramenta de ordenamento territorial, promover a transparência por meio de auditorias independentes e assegurar a origem legal e sustentável dos grãos.
“Esse protagonismo do Pará, estado estratégico para a manutenção do bioma Amazônia e anfitrião da COP30, enaltece o Protocolo Verde de Grãos como um exemplo a ser seguido por outros estados”, complementa Pires.
Para as empresas signatárias, o compromisso é claro: comprar ou financiar apenas grãos de fazendas regulares, sem sobreposição com áreas protegidas, fora das listas de embargos do Ibama e da Semas, e sem vínculos com trabalho análogo ao escravo.