Antes de escolher é preciso avaliar a compatibilidade com a região para que elas não sofram com as baixas temperaturas e geadas intensas (Foto: Evelyn Muller)
Assim como uma pessoa se adapta melhor ao calor e a outra diz viver melhor nas épocas de frio, as plantas também carregam suas preferências. E por que é importante conhecer essas características das espécies? Os paisagistas Catê Poli e João Jadão afirmam que o comportamento delas diante do clima predominante em uma região determinará o resultado do seu cultivo.
Com as baixas temperaturas, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, é preciso saber quais são as plantas mais ou menos resistentes ao inverno para dedicar a atenção necessária nesse período, além de entender os cuidados que pede a estação.

Os paisagistas Cate Poli e João Jadão. Foto: Renato Navarro
Para Catê Poli, as árvores brasileiras, capazes de se desenvolver naturalmente em todo o território nacional, se saem melhor no frio quando comparadas aos arbustos vindos de uma região específica. “Essa é uma questão muito interessante e facilmente compreensível, uma vez que as nativas estão mais alinhadas ao seu habitat de origem e podem passar por algumas dificuldades quando inseridas dentro de outro ecossistema”, explica.
Entre as árvores que suportam o frio extremo ela enumera os ipês, a cerejeira-do-Rio-Grande e a araucária, espécies extremamente adaptadas às condições climáticas encontradas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Aliás, a araucária é milenar e tornou-se símbolo da região sul”, relata João.
Sobre os arbustos, que alcançam alturas de pequeno e médio porte e trazem uma folhagem mais densa e espessa, os paisagistas contam que o capim-barba-de-bode, o capim-setária e o capim-dos-pampas crescem bem em regiões climas gélidos, enquanto espécies como a neve-da-montanha, neomarica caerulea (falsa-íris azul), caliandra e manacá-de-cheiro resistem ao frio, desde que não sejam afetadas por geadas intensas.
Qual a importância de conciliar a espécie com a região?
De acordo com João, essa atenção torna o paisagismo sustentável e ressalta que os arbustos, apesar das limitações, podem ser complementados por ornamentais não nativas como azaleias, hortênsias, sálvia leucantha e capim-do-Texas, especialmente importados de climas frios da Europa, Ásia subtropical e África do Sul. Ele indica que esse processo de misturas de espécies torna a composição dos projetos de paisagismo mais viável em regiões frias. “Mesmo que se use poucas opções nativas de arbustos, priorizar árvores brasileiras adequadas ao clima já representa uma excelente harmonia com o meio ambiente”, reforça Cate:
Legalmente, projetos de reflorestamento exigem 100 % árvores nativas — arbustos entram apenas em processos regenerativos com menor impacto na compensação ambiental. É importante lembrar que, por sermos um país tropical, a maioria das plantas nativas tolera temperaturas de até cerca de 15 °C (algumas até 10 °C), mas abaixo disso e em geadas, poucas resistem ao rigor do inverno.
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Cuidados com as plantas no Inverno
Para auxiliar no manejo das plantas durante a estação fria, os paisagistas destacam algumas dicas para ajudar a minimizar os impactos gerados neste período, “No inverno, o jardim entra em dormência e assim as plantas não se desenvolvem. Caso sejam plantadas nesse período, o crescimento acontecerá a partir de setembro”, ensinam..

Entrada contornada por falso-íris, que resiste bem ao inverno: Foto: Evelyn Muller
Outra dica é, por ser uma estação mais seca, é preciso prestar atenção à rega. Em invernos mais úmidos, é preciso cuidado para não exagerar na rega e deixar que as plantas fiquem apodrecidas, uma vez que o sol não é suficiente. Se estiver muito ressequido, é preciso complementar com água e, se estiver muito úmido, cuidado com o excesso, pois demora para evaporar devido à falta de Sol.
“No inverno, é tempo de fazer podas estéticas, não as drásticas, porque a planta não vai crescer ainda. Tudo o que for realizado deve acontecer no fim do inverno pensando na preparação do jardim para primavera e verão. Por exemplo, no final da estação fria é indicada a adubação das plantas, pois com o calor e a chuva que acontecem na primavera, elas responderão maravilhosamente”, orientam os especialistas.
Eles lembra ainda que, nessa época, não há crescimento e a formação de novos brotos – pelo contrário, a planta pode secar e será preciso podar. Isso é algo que acontece como uma lei da vida e da natureza.”Também é importante reforçar que, em caso de viagens, é preciso pedir para alguém cuidar da rega”, finalizam..